FAT - Fabulous Austrian Trio de Alex Machacek, Raphael Preuschl e Herbert Pirker apresentaram ao vivo o seu novo álbum "#Awesome" no Auditório Municipal Ruy de Carvalho (Carnaxide, Oeiras) dia 30 Abril 2018. Concerto organizado pela Academia de Guitarra e Jorge Loura, com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras, da GTR - Filipe Sousa e dos professores da Academia de Guitarra.
Som: Ricardo Bravo Luz: Pedro Afonso Pinto Agradecimento especial a: Pedro Miranda, Carlos Pinto, Ana Rita de Oliveira, Márcio Augusto, Bruno Barrue, Joao Luzio, Raquel Marques, Ines Matos, Filipe Sousa, Bruno Berrones, Maria Do Céu Mekary, Leonor Dionísio, Patrícia Pestana, Oeiras Viva EM, Algés com Sabores, Arte Sonora, A Forma do Jazz, Loja Music Factory, Hotclube de Portugal - Página Oficial, Hot Clube Escola de Jazz Luís Villas-Boas, JBJAZZ. Fotos de: Pedro Gomes Almeida
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Gilad Hekselman Trio, com Joe Martin e Jonathan Pinson, ao vivo no Auditório Municipal Ruy de Carvalho (Carnaxide, Oeiras) dia 23 Abril 2018. Foi muito bom ouvir novamente o trio do Gilad Hekselman em Lisboa. Foi uma noite especial. Já há cerca de um ano tinha servido de intermediário para que Gilad viesse ao Hot Clube apresentar o seu trio e ambos os concertos foram óptimos! Com esforço de parte a parte, conseguimos ter um trio de alto gabarito a tocar em Lisboa, em sítios que não geram lucro por aí além. Deveria servir de exemplo para termos mais bandas (portuguesas ou estrangeiras) desta qualidade a tocarem mais vezes em locais dignos! Excelente trabalho e entusiasmo da Academia de Guitarra de Algés, que mais uma vez mostra que quando se faz as coisas com amor e seriedade, só pode correr bem. Obrigado a todos! André Santos (www.andrefsantos.com) Concerto organizado pela Academia de Guitarra, com o apoio de André Santos, da Câmara Municipal de Oeiras e da GTR - Filipe Sousa.
Som: Ricardo Bravo Luz: Pedro Afonso Pinto Agradecimento especial a: André Santos, Carlos Pinto, Francisco Brito, Guilherme Melo, Filipe Sousa, Ana Rita de Oliveira, Ines Matos, Raquel Marques, Leonor Dionísio, Patrícia Pestana, Oeiras Viva EM, Algés com Sabores, Arte Sonora, A Forma do Jazz, Loja Music Factory, Hotclube de Portugal - Página Oficial, Hot Clube Escola de Jazz Luís Villas-Boas, JBJAZZ. Fotos de: Mário Ferreira Lançamento do Livro 'A História do Rock' na Academia de Guitarra em Algés Fotos: Marta Ribeiro - Events & Live Photography Apresentação do espectacular livro A História do Rock "para pais fanáticos e filhos com punkada" na Academia de Guitarra dia 24 de Fevereiro de 2018.
A autoras Rita Nabais (texto e pesquisa) e Joana Raimundo (ilustração), com o editor Nuno Matos Valente da Edições Escafandro, os jornalistas Maria Sacadura e Vasco Vilhena (moderadores do evento), e os músicos Joao Luzio, Ines Matos e Filipe Sousa, celebraram juntamente com todo o público presente os 70 anos da História do Rock. Contámos ainda com os doces e salgados da Gulodices com Letras e as fotos de Marta Ribeiro - events & live photography. O nosso muito obrigado a todos! Autoras apresentam “A História do Rock para Pais Fanáticos e Filhos com Punkada", este sábado, na Academia de Guitarra. E garantem: a responsabilidade é maior quando o público é “pessoal que entende disto”. Autor: Inês Rocha | Fotos gentilmente cedidas pelas autoras do livro “A História do Rock para Pais Fanáticos e Filhos com Punkada" é o último trabalho de Rita Nabais e da ilustradora Joana Raimundo: uma enciclopédia do Rock dedicada a crianças. O livro foi editado em Dezembro do ano passado pela Escafandro, editora de Alcobaça que Rita dirige com Nuno M. Valente, e é apresentado este sábado dia 24 de Fevereiro, às 17 horas, na Academia de Guitarra, em Algés. O trabalho nasce de uma paixão antiga pela música. Apesar de nunca ter aprendido um instrumento, Rita Nabais foi sempre uma criança com “punkada”. No final dos anos 80, quando todos vibravam com Madonna, Michael Jackson e Bryan Adams (ela própria incluída), já ouvia, às escondidas, os discos que o irmão mais velho guardava religiosamente em casa: David Bowie e Lou Reed já faziam parte da sua playlist de eleição. Rita Nabais, a autora do livro Ouvir música foi sempre um hobbie que partilhou com os amigos. Durante a adolescência, ainda teve uma banda, mas ela nunca chegou a sair da garagem. Foi DJ durante vários anos – a playlist sempre incluiu rock e música alternativa – e na escrita, a música foi sempre um dos temas preferidos. Um dia, há cerca de três anos, a alcobacense de 42 anos pegou em toda essa paixão e quis transformá-la em livro. O objectivo? Construir uma “ponte” entre gerações, ajudando a diminuir o fosso entre aquilo que os pais e os filhos ouvem. “Os miúdos ouvem muito pouca música e muitos deles não ouvem rock”, diz a autora, em entrevista à Academia de Guitarra. “Talvez este livro possa servir como uma ponte entre a geração dos pais e as crianças. Um guia para os miúdos poderem conhecer um pouco a História do Rock, porque a maioria está um bocadinho desligada desse universo”. Para isso, Rita escolheu 150 bandas, desde os anos 1950 até à actualidade, que marcaram a História do Rock. Um processo que envolveu muita pesquisa e a consulta de mais de 30 músicos e melómanos. Fernando Ribeiro, dos Moonspell, Miguel Ribeiro, dos The Gift, Vítor Torpedo e Miguel Ângelo são alguns dos nomes a quem a professora de português pediu listas de bandas. “Havia listas mais viradas para o Heavy Metal, outras para o Indie, outras mais generalistas”. Do cruzamento dessas listas com a sua, ficaram 150 nomes. As bandas que ficaram de fora, e não puderam ser ilustradas, foram incluídas numa "janelinha" em cada categoria: "Outros músicos/Experimenta ouvir". “Se calhar, ao todo, o livro tem quase 500 nomes de bandas”, explica a autora. Para captar a atenção do público mais jovem, Rita contou com a ajuda das ilustrações “expressivas, fofinhas e ao mesmo tempo irreverentes” de uma ilustradora muito “geek”, a amiga Joana Raimundo. E procurou contar curiosidades engraçadas acerca de cada artista. Das 150, a autora tem uma preferida: a história de Iggy Pop. O livro revela que foi na imagem do músico que o realizador do Senhor dos Anéis, Peter Jackson, se inspirou para criar o corpo da personagem Gollum. Joana Raimundo, a ilustradora, e Nuno M. Valente da Editora Escafandro Mas há muito mais para descobrir acerca dos músicos que fizeram a história do rock. Desde a sandes preferida de Elvis Presley ao doutoramento em astronomia de Brian May, dos Queen. Rita Nabais confessa ter feito um grande esforço de simplificação e criatividade, para o livro se tornar interessante para crianças. Os subgéneros do rock, por exemplo, ganharam nomes mais divertidos. O Hard Rock transformou-se em “Duros como Pedras”, o Nu Metal passou a “Metal Fundido” e o Indie Folk a “Floresta Encantada”. Há ainda uma categoria “arriscada”: as “bandas malucas”. Aqui incluiu os músicos com um aspecto e estilo de música mais “estranhos”, como Frank Zappa e The Residents. O lado mais negro do rock, aqui, ficou de fora. “Quisemos dar mais importância à música”. “Não queríamos ser politicamente correctos mas focámo-nos mais na parte mais divertida das carreiras destes artistas”, explica. Ainda assim, há ligeiras alusões a esse lado negro, expressões como “uma vez tinha bebido tanto que não conseguiu actuar” ou “passou um mau bocado”. Agora, mais de dois meses após o lançamento do livro, Rita diz ter ficado surpreendida pelo entusiasmo com que o trabalho está a ser recebido. “Já soube que há muitos pais que estão a ler uma história por noite e depois os miúdos vão ver os artistas ao Youtube, querem ver vídeos deles a cantar e a dançar”, conta. “Isso para mim é muito compensador, nunca pensei que fosse acontecer assim como nós idealizámos”, confessa. “Está mesmo a acontecer e isso é fantástico”. Apresentação do livro em Lisboa com o convidado Nuno Markl A apresentação na Academia de Guitarra: “Estou mais expectante que eles!”Este sábado, dia 24 de Fevereiro, as autoras apresentam o livro na Academia de Guitarra, às 17 horas.
Rita Nabais diz estar “muito expectante”, porque é a primeira vez que vão apresentar o livro numa escola de música. “É uma responsabilidade muito maior, é pessoal que entende disto, que gosta muito de música”, diz. “Ainda por cima vão tocar alguns dos riffs mais conhecidos dos artistas referidos no livro”. A autora diz estar “com muita vontade” de visitar a escola, de conhecer alunos e professores e de ver o trabalho que aqui fazem. “Isto para nós é muito interessante, ver qual é a opinião destes alunos sobre o rock”, conta. Rita é professora de português do segundo ciclo e diz testemunhar todos os anos a importância da aprendizagem da música nas crianças. “Todas as turmas que tenho em ensino articulado, que têm música de uma forma mais intensa, são sempre as melhores. Isso diz-nos alguma coisa”. Ainda assim, vê que nesta área o rock é um território “mais proibido”, porque não é dos estilos mais aconselhados para crianças. “Espero que o livro ajude de alguma forma a desmistificar essa ideia”, diz a autora. Links úteis: O livro A História do Rock Editora Escafandro O que dizer deste fim de tarde lindo? Sim, foi um concerto único, de uma beleza indescritível, onde os arranjos de guitarra de Bruno Santos se fundiram com as melodias de Rita Redshoes. Uma sala mais que esgotada, onde cada pessoa presente ficou de coração cheio pela beleza das canções interpretadas com a doçura e elegância da Rita, tocadas com a mestria de Bruno. O que mais dizer? Queremos outro! No final, as receitas deste concerto, foram entregues à fantástica equipa da União Zoófila. Um enorme obrigado a toda a equipa da Companhia de Actores, que acolhe de forma brilhante estas iniciativas da Academia de Guitarra, ao João Francisco Oliveira Mariquitos, pelo som, ao Pedro e à São Correia, ao Gui Carvalho, à Ines Matos, e ao Mário Ferreira, pelas lindas fotos! Esta é a última semana em que estamos a funcionar nestas instalações. Tudo tem o seu tempo... Iniciámos em Algés, na Rua da Piedade, no ano 2011, tendo passado em 2014 para este espaço onde temos estado até hoje. Tanto tem acontecido, tantos alunos juntamente com as suas famílias têm passado por aqui, experiências vividas, partilhadas, amizades construídas, aspirações e sonhos plantados, sempre tendo a música como elemento de ligação.
Para nós, Academia de Guitarra, tem sido um privilégio servir cada um de vocês. Mas não ficamos por aqui. Queremos receber-vos melhor. Queremos ser mais eficazes na forma de ensinar e motivar, construindo as condições necessárias para um maior crescimento musical e pessoal de cada aluno. Por estes motivos, iniciaremos o novo ano lectivo em Novas Instalações. Passamos do nº 33 para o nº 28 da Av. da República em Algés. Vamos dando notícias, no entanto podem acompanhar no Instagram e no Facebook com a hashtag #NovaAcademiadeGuitarra. Não sonha com uma "super carreira internacional", mas a música que faz não cabe num só país. O mundo de Luiz Caracol é feito de "metades" que falam português mas abarcam muitas geografias. Autor: Inês Rocha | Fotos: Alfredo Matos Começou a fazer música "meio por acaso". Não foi um sonho de criança, mas uma descoberta da adolescência, no meio de amigos. Sentiu um "chamamento" quando cantou pela primeira vez, mas foi a guitarra que o agarrou. Cerca de 17 anos depois de ter decidido escolher a música como seu projecto de vida, Luiz Caracol acaba de lançar o seu segundo álbum, "Metade e Meia". Um trabalho que reflecte todas as influências em que sustenta a sua música. "De algum modo foi o momento de criar um disco de homenagem a todas as misturas e metades que foram surgindo na minha vida e que acabaram por definir aquilo que eu sou como músico", explica, em entrevista à Academia de Guitarra. Luiz Caracol nasceu em Portugal, mas podia ter nascido em Angola, não tivessem os seus pais regressado ao país de origem no processo pós-independência das colónias. Mas a identidade africana ficou marcada no ADN do músico. "A vantagem das colónias era que havia ditadura mas não havia ditador. As pessoas viviam de um modo mais livre, com a mente mais aberta. Eu fui criado num ambiente assim, de mente aberta a nível cultural". Em casa a cultura portuguesa entrava a par da africana e da brasileira. Luiz sempre se sentiu filho da lusofonia, mais do que de um país fechado em fronteiras políticas. UMA MENTE LIVRE TAMBÉM NA MÚSICASó aos 20 anos é que Luiz Caracol decidiu levar a música a sério. Até aí, foi descobrindo a guitarra como auto-didata. Em 2000, entrou para a Academia de Música de Lisboa, onde ficou algum tempo, até descobrir que não era aquele o seu caminho. "O reportório clássico não me atraía de todo. Eu tenho uma mente que gosta do improviso, do inesperado. O jazz permite mais essa liberdade que a música clássica não permite", conta. Decidiu então experimentar o Hot Club. "No meu imaginário, a música era ir além da partitura. Era esquecer os papéis. Obviamente temos que conhecer a teoria e aquilo que estamos a tocar, mas a partir de determinado momento podemos ser mais criativos". Hoje, Luiz é o homem dos sete (ou oito, ou nove) instrumentos. Toca o que lhe vier à mão: em "Metade e Meia" toca cavaquinhos, percussões, baixo, bandolim, kalimba, guitalele, glockenspiel, synth pad... mas a guitarra continua a ser a principal. "Os temas nascem à guitarra, é a maneira que eu tenho de compor. Sempre que gravo um tema, a primeira coisa que gravo é a guitarra e depois crio à volta disso". TENHO UMA NATUREZA CALMA MAS TAMBÉM INQUIETALuiz Caracol garante que a sua identidade não mudou desde "Devagar" (2013), mas sente que foi mais longe com este disco. "Passaram uns anos, há mais viagens, mais histórias, mais experiência", diz à Academia de Guitarra. "Arrisquei mais, mas ao mesmo tempo também é um disco mais maduro. É natural, eu tenho uma natureza calma mas também tenho uma natureza inquieta e gosto de trabalhar para melhorar", afirma. Nesta experiência cabem vários nomes, com quem Luiz trabalhou durante os anos em que não gravou em nome próprio. Nesta experiência cabe Sara Tavares, cabem Jorge Palma, Zeca Baleiro e Aline Frazão, entre vários outros artistas. O músico diz que se vê como uma "antena" que capta o que acontece à sua volta e que todas essas parcerias contribuiram para o que hoje é como artista. "Aprendi com todas elas, fico muito feliz por ter conseguido trabalhar com toda esta gente, que além de talentosa é muito capaz". Isso reflecte-se também em "Metade e Meia", onde Luiz fez questão de incluir alguns destes amigos, tanto a nível autoral como na interpretação dos temas. O cantor rodeou-se de nomes como Aline Frazão, Zeca Baleiro, Fred Martins, Edu Mundo, Biru (A.F. Diaphra), e até do escritor José Luís Peixoto. "O facto de estar bem rodeado é bom sinal. Efectivamente eles têm muita qualidade e ajudam a potenciar e a melhorar o meu trabalho. Fico muito contente que eles estejam no álbum também", diz o músico. DICAS PARA SER MÚSICO? "NÃO ESTUDEM SÓ MÚSICA"O músico português garante que seguir esta carreira "requer vários investimentos". O essencial é o estudo e a dedicação. "Tocar um instrumento é uma coisa exigente, do ponto de vista da entrega, do tempo que têm que gastar para conseguirem ser bons executantes", explica Luiz Caracol. Mas nem tudo gira à volta da música. Luiz considera que procurar enriquecer a cultura e estudar outras coisas fora da música é essencial para "abrir fronteiras". É também importante ouvir outros tipos de música que acabam por "moldar a nossa maneira de tocar", afirma. "O último conselho talvez seja ter a cabeça no sítio, não achar que é uma coisa fácil, que é um caminho adquirido, que basta tocar um bocadinho para as coisas serem fáceis ao nível da música, porque não são". Luiz não tem dúvidas: os ingredientes para ter um lugar na música são "trabalho, empenho, dedicação e persistência". Sobre o seu futuro como músico, diz que tem os pés no chão e não tem "grandes sonhos disto ou daquilo". Confessa que lhe dá um particular prazer sentir que a sua música é também aceite fora de Portugal. "Quando faço música não penso num público em particular. Faço música de dentro para fora e quem a quiser ouvir, seja português, chinês ou do Pólo Norte, para mim está tudo certo", afirma. Ainda assim, não trabalha para ter uma "super carreira internacional". "Obviamente que a internacionalização é uma coisa que te faz levar a tua música além fronteiras e isso é muito enriquecedor, mas não almejo esse tipo de coisa", explica. Os manos mais talentosos da Madeira, Lisboa e arredores - Mano a Mano - deram mais um gigante concerto para apresentar músicas novas - desde temas originais, passando por standards jazz, repertório brasileiro e tradicional - aguçando o apetite para o novo álbum que aí vem. Nomes já bem conhecidos da nossa praça de guitarras, André e Bruno Santos são dois madeirenses de gema que nasceram com o dom de tocar guitarra como verdadeiros mestres. Com as suas influências jazzisticas bem vincadas em cada acorde que tocam, fazem as delicias daqueles que com eles partilham o amor pela guitarra. Este concerto foi captado em vídeo por Filipe Ferraz e sua equipa, e o som por Fernando Pereira, para a realização de alguns vídeos que deverão ser publicados brevemente. Fotos e texto: Marta Ribeiro Cenografia: António Terra Iluminação: Sérgio Gaspar Local: Teatro Municipal Amélia Rey Colaço (Algés) Produção: Companhia de Actores / Academia de Guitarra Autor: Joana Rita | Fotos: Miguel Bretiano Guitarras desenhadas, pensadas e construídas à medida de cada músico – talvez esta seja uma descrição possível do trabalho desenvolvido pelo Adriano, nas Ergon. Há ainda que acrescentar o sentido romântico do processo. A Academia de Guitarra esteve à conversa com Adriano Sérgio. Luthier: é este o nome francês que é utilizado para designar aquele que constrói ou restaura instrumentos musicais. É uma palavra pequena face à grandeza do trabalho de Adriano Sérgio. Para uma leiga como eu, construir uma guitarra parece-me um processo moroso, que envolve perícia e paciência. Estou correcta? Pode falar-nos um pouco sobre esse processo? “Um processo moroso e que dá imenso prazer. Se é um cliente que me pede uma guitarra, tenho que me informar sobre os gostos do cliente. As suas preferências musicais e também o lado físico de relação com o instrumento. Em função do gosto dessas pessoas – literatura, cultura, carros, cores – começo a criar os desenhos e eles aparecem. De seguida, faço os moldes, depois um protótipo numa espuma e começo a testar a relação física do protótipo com o corpo. Se o cliente tem hipótese de se relacionar com esse protótipo, ele vem cá e eu tiro fotografias. Depois há que escolher as madeiras. Não uso químicos nas guitarras.” Todo o processo desenvolvido por Adriano é manual. Chama-lhe processo romântico. E acrescenta: “É um desafio muito grande. Não tenho a certeza de que as opções resultem até tudo estar feito.” E depois de construída – custa muito entregar a guitarra ao músico? Não lhe apetecia ficar com todas para si? “Dá prazer ver as guitarras saírem. E ver as pessoas a dar voz à guitarra. Custa por ser um bocado de mim. É um trabalho criativo. Cada guitarra é diferente. Sabe bem olhar para elas todos os dias. O maior prazer é fazer as guitarras, não é coleccionar. O objectivo é fazer ferramentas para os músicos usufruírem e darem voz a essas ferramentas. Serem felizes com elas e terem orgulho.” O que é que as Ergon Guitars proporcionam aos músicos que as escolhem? O que é que estas guitarras têm e que não se encontram em mais guitarra nenhuma? Adriano não hesita: “Isso é uma pergunta que tem que ser feita aos músicos. O objectivo é proporcionar um conforto grande aos músicos. Acredito que isso pode influenciar muito a forma como as pessoas tocam. Um gajo não pode ser arrogante e dizer que essa linguagem musical acontece por causa da minha guitarra. É um instrumento único, que não é feito por uma máquina. Há coisas nestas guitarras que não encontram em mais lado algum. O meu objectivo não é alcançar isso, acaba por ser um resultado do trabalho que faço. São guitarras únicas em termos de formato e de linguagem estética. Este trabalho está a ser reconhecido de uma forma mais rápida do que aquela que eu estava à espera. Espero que isso não me suba à cabeça." Devido à procura e volume de trabalho, Adriano Sérgio convidou Hugo Domingos, seu sócio na Guitar Rehab, para colaborar na construção das Ergon Guitars. O mundo da música recebeu as Ergon de braços abertos: “Entre os músicos, entre os outros construtores; sinto que reconhecem em mim algo diferente. Há respeito, sou respeitado e sou falado entre a comunidade de construtores no mundo. O estranho é que esse processo, de uma forma geral, demora dezenas de anos a acontecer e comigo demorou menos de três anos.” As Ergon Guitars estiveram expostas em 2015 e em 2016 no The Holy Grail Guitar Show, uma das feiras mais importantes no "mundo" das guitarras". Na verdade, talvez seja a mais importante da actualidade. A sua primeira edição data de 2014 e aconteceu em Berlim (Alemanha). Adriano partilhou connosco que foi convidado a expôr as suas guitarras na NAMM Show (EUA, California), em Janeiro de 2017. Partilha o estatuto de luthier convidado com mais vinte e quatro construtores. Poderão visitar as (românticas) guitarras na Boutique Guitar Showcase, Hall C - booth 23. As guitarras de Adriano recebem o nome dos músicos que as encomendam. No seu site ergonguitars.com encontramos, ainda, três modelos dedicados a três locais especiais para Adriano: Lisboa, Porto e Cintra. Foi em Sintra que Adriano nasceu e foi a esta vila, toda ela envolta em romantismo, que dedicou o primeiro baixo que construiu. Ricardo José Lopes trabalhava no mundo da publicidade mas foi fora do escritório que descobriu a sua paixão: levar boa música a um público sedento de qualidade. O criador das Lx Jazz Sessions garante: o jazz em Portugal está bem entregue e não fica atrás de nenhuma grande capital mundial. Autor: Inês Rocha As Jazz Sessions regressaram em força a Lisboa este Verão, nove anos depois das "Lux Jazz Sessions", que transformaram as quartas-feiras lisboetas em 2007 e terminaram, no fim desse ano, com um memorável concerto do Bernardo Sassetti Trio. Estas “sessões de jazz” nasceram em Leiria em 2003, viajaram para o bar Bicaense, em Lisboa, cresceram na mais conceituada discoteca da capital e regressaram este Verão à Bica. Tudo pela mão de Ricardo José Lopes, publicitário leiriense de 38 anos que descobriu a sua vocação na organização de eventos "difíceis". Entre Julho e Setembro deste ano, 13 artistas portugueses subiram ao palco do bar Bicaense, todas as quartas-feiras [ver galeria de fotos / ouvir os áudios]. Ricardo quis fugir dos dias em que toda a gente está na rua. "Gosto de trabalhar dias difíceis", explica, em entrevista à Academia de Guitarra. "É onde o público é atento e sai para ir à procura de algo". Apesar do regresso ao espaço onde começaram as Lisboa Jazz Sessions, em 2005, Ricardo não quis um regresso ao passado. Este ciclo de concertos “é uma coisa nova”, garante. O criador do evento quis “ir buscar o mais fresco do jazz em Portugal”. Não só as novas promessas, mas também os artistas mais conceituados do género. A programação abrangeu músicos diversos, desde Ricardo Toscano, um dos maiores talentos jovens do jazz em Portugal, ao trio Lokomotiv, de Carlos Barreto, o mais antigo no activo, com 20 anos de carreira. Ainda assim, “a música deles é 2016, não é 2006”, garante o produtor. O denominador comum é a qualidade. “Uma das máximas que seguimos na CoolTrain é que os nossos projectos têm que ser bons aqui como no Japão”, conta o organizador. “Aquilo que fazemos tem que ter qualidade tal que qualquer cultura, quando chega, diz 'consigo perceber, interagir e sentir'. Tem que ser uma experiência que podia estar em qualquer parte do mundo". Ricardo escolheu os artistas a dedo e não duvida: os nossos músicos “são bons aqui como no Japão”. “É uma programação excelente”, declara, sem falsas modéstias. Nesta edição, o organizador quis ainda juntar novas camadas ao projecto, convidando o pintor Francisco Vidal para ilustrar as brochuras do evento. Nas suas Jazz Sessions, Ricardo José Lopes pagou todo o evento com patrocínios de marcas. Trabalhar de graça está fora de questão, garante. “As pessoas esquecem se que um músico ou um técnico passaram anos em formação, continuam em formação e trabalham horas a fio que não são remuneradas para chegar àquela qualidade que nós tanto apreciamos”, explica. Nas suas Jazz Sessions, Ricardo José Lopes pagou todo o evento com patrocínios de marcas. Trabalhar de graça está fora de questão, garante. “As pessoas esquecem se que um músico ou um técnico passaram anos em formação, continuam em formação e trabalham horas a fio que não são remuneradas para chegar àquela qualidade que nós tanto apreciamos”, explica. “A cultura e educação têm de ser para todos”, remata. "O jazz abriu horizontes em Leiria"A história das Lx Jazz Sessions começa em Leiria, em 2003. Numa altura em que aquela pequena cidade estava adormecida em termos culturais e organizar concertos ao Domingo à noite soava a loucura. "Toda a gente dizia: como é que vais fazer jazz a um domingo à noite, numa cidade onde as pessoas não saem?", recorda Ricardo José Lopes. O publicitário leiriense estava já envolvido, na altura, nos bastidores da CoolTrain, um colectivo de DJ's pioneiro do drum & bass em Portugal. Em conjunto com o DJ Johnny, com quem partilhava a paixão pelo jazz, decidiu lançar as Leiria Jazz Sessions. O objectivo era dar à cidade onde cresceu e viveu até aos 18 anos um "ímpeto mais cultural". Ricardo acreditava que podia haver público para aquele tipo de iniciativas. "Estava convencido que, se houvesse mais estímulos culturais, as pessoas aderiam. As pessoas querem isso e não têm", afirma, em conversa com a Academia de Guitarra. Durante dois anos, as Leiria Jazz Sessions abriram os horizontes da cidade. Ao contrário do esperado, o espaço escolhido, com 170 lugares sentados, esteve sempre cheio. Ricardo recorda com orgulho este pequeno "milagre" que fez muita gente descobrir a paixão por este estilo musical, incluindo miúdos que tinham as suas bandas de rock e que iam assistir aos concertos, são hoje músicos de jazz. "As sessions ajudaram na orientação, no gosto, na exigência, ajudou-os a perceber o nível de músicos que têm que ser para serem notados", recorda. O “milagre” da triplicação de públicoEm 2005, Ricardo trouxe o evento para Lisboa. Começou no Bicaense, no tradicional Bairro da Bica. O sucesso, conta, foi “gigantesco”. “Havia um mar de gente que ia não só pela música mas pela experiência de estar no 'hotspot' da comunidade criativa lisboeta”. Havia video jamming e “dance floor”, onde o púbico podia dançar jazz. Um fenómeno que chamou à atenção dos responsáveis pelo Lux. A mais conceituada discoteca da cidade quis abrir portas a um público diferente do habitual, e convidou Ricardo para organizar um evento de jazz à quarta-feira. A dimensão do espaço pedia algo mais arrojado. “Os patrocínios permitiram-nos ter dimensão, o dinheiro foi investido em qualidade”, lembra o publicitário. Além de ter trazido grandes nomes do jazz a Portugal, arriscou no conceito. Pôs um palco no centro da discoteca, com os músicos virados para si mesmos, com o público à volta e projecção de vídeo a envolver o público. “A experiência era sensorial”, recorda. Nessa altura, quando estava a preparar e a vender o evento a possíveis patrocinadores, a CoolTrain propôs-se ter uma média de 300 pessoas em cada evento. “No final, quando fizemos as contas, percebemos que tivemos uma média de mais de 930 pessoas”. Este “milagre” da triplicação de público só tem uma explicação, no ponto de vista deste publicitário: “Os milagres acontecem, e acontecem porque as pessoas estão sedentas de qualidade”. Porquê nove anos depois?“Apeteceu-me”, diz Ricardo José Lopes. O responsável da Cool Train confessa que estas coisas “têm muito a ver com o 'apetece'”. A exigência do projecto “Lux Jazz Sessions” levou Ricardo aos seus limites físicos. “Em seis meses, tive três Domingos de folga. Trabalhava 12 a 16 horas por dia”, recorda. Depois da necessária pausa, decidiu fazer também deixar por uns tempos o seu trabalho principal, a publicidade, para viajar pelo mundo. Partiu em 2010 e só regressou dois anos depois. Uma experiência que o mudou e o tornou “mais humilde”, conta. Lx Jazz Sessions no Bicaense. Fotos de Pedro Gomes Almeida O regresso das Jazz Sessions vem a seguir ao Fado Redux, que organizou no Bicaense de Outubro de 2015 até Maio deste ano, a convite do proprietário. Para o futuro, quer que o evento de jazz dê o salto para um espaço maior. Está a preparar um novo ciclo para Outubro, Novembro e Dezembro do próximo ano, “com uma dimensão mais próxima do Lux”. Este ano fez Ricardo compreender que “é este o caminho” que quer seguir. Hoje, ocupa menos tempo na publicidade e mais nestes projectos. “É um caminho que tenho que perceber como expandir”, diz.
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