Autoras apresentam “A História do Rock para Pais Fanáticos e Filhos com Punkada", este sábado, na Academia de Guitarra. E garantem: a responsabilidade é maior quando o público é “pessoal que entende disto”. Autor: Inês Rocha | Fotos gentilmente cedidas pelas autoras do livro “A História do Rock para Pais Fanáticos e Filhos com Punkada" é o último trabalho de Rita Nabais e da ilustradora Joana Raimundo: uma enciclopédia do Rock dedicada a crianças. O livro foi editado em Dezembro do ano passado pela Escafandro, editora de Alcobaça que Rita dirige com Nuno M. Valente, e é apresentado este sábado dia 24 de Fevereiro, às 17 horas, na Academia de Guitarra, em Algés. O trabalho nasce de uma paixão antiga pela música. Apesar de nunca ter aprendido um instrumento, Rita Nabais foi sempre uma criança com “punkada”. No final dos anos 80, quando todos vibravam com Madonna, Michael Jackson e Bryan Adams (ela própria incluída), já ouvia, às escondidas, os discos que o irmão mais velho guardava religiosamente em casa: David Bowie e Lou Reed já faziam parte da sua playlist de eleição. Rita Nabais, a autora do livro Ouvir música foi sempre um hobbie que partilhou com os amigos. Durante a adolescência, ainda teve uma banda, mas ela nunca chegou a sair da garagem. Foi DJ durante vários anos – a playlist sempre incluiu rock e música alternativa – e na escrita, a música foi sempre um dos temas preferidos. Um dia, há cerca de três anos, a alcobacense de 42 anos pegou em toda essa paixão e quis transformá-la em livro. O objectivo? Construir uma “ponte” entre gerações, ajudando a diminuir o fosso entre aquilo que os pais e os filhos ouvem. “Os miúdos ouvem muito pouca música e muitos deles não ouvem rock”, diz a autora, em entrevista à Academia de Guitarra. “Talvez este livro possa servir como uma ponte entre a geração dos pais e as crianças. Um guia para os miúdos poderem conhecer um pouco a História do Rock, porque a maioria está um bocadinho desligada desse universo”. Para isso, Rita escolheu 150 bandas, desde os anos 1950 até à actualidade, que marcaram a História do Rock. Um processo que envolveu muita pesquisa e a consulta de mais de 30 músicos e melómanos. Fernando Ribeiro, dos Moonspell, Miguel Ribeiro, dos The Gift, Vítor Torpedo e Miguel Ângelo são alguns dos nomes a quem a professora de português pediu listas de bandas. “Havia listas mais viradas para o Heavy Metal, outras para o Indie, outras mais generalistas”. Do cruzamento dessas listas com a sua, ficaram 150 nomes. As bandas que ficaram de fora, e não puderam ser ilustradas, foram incluídas numa "janelinha" em cada categoria: "Outros músicos/Experimenta ouvir". “Se calhar, ao todo, o livro tem quase 500 nomes de bandas”, explica a autora. Para captar a atenção do público mais jovem, Rita contou com a ajuda das ilustrações “expressivas, fofinhas e ao mesmo tempo irreverentes” de uma ilustradora muito “geek”, a amiga Joana Raimundo. E procurou contar curiosidades engraçadas acerca de cada artista. Das 150, a autora tem uma preferida: a história de Iggy Pop. O livro revela que foi na imagem do músico que o realizador do Senhor dos Anéis, Peter Jackson, se inspirou para criar o corpo da personagem Gollum. Joana Raimundo, a ilustradora, e Nuno M. Valente da Editora Escafandro Mas há muito mais para descobrir acerca dos músicos que fizeram a história do rock. Desde a sandes preferida de Elvis Presley ao doutoramento em astronomia de Brian May, dos Queen. Rita Nabais confessa ter feito um grande esforço de simplificação e criatividade, para o livro se tornar interessante para crianças. Os subgéneros do rock, por exemplo, ganharam nomes mais divertidos. O Hard Rock transformou-se em “Duros como Pedras”, o Nu Metal passou a “Metal Fundido” e o Indie Folk a “Floresta Encantada”. Há ainda uma categoria “arriscada”: as “bandas malucas”. Aqui incluiu os músicos com um aspecto e estilo de música mais “estranhos”, como Frank Zappa e The Residents. O lado mais negro do rock, aqui, ficou de fora. “Quisemos dar mais importância à música”. “Não queríamos ser politicamente correctos mas focámo-nos mais na parte mais divertida das carreiras destes artistas”, explica. Ainda assim, há ligeiras alusões a esse lado negro, expressões como “uma vez tinha bebido tanto que não conseguiu actuar” ou “passou um mau bocado”. Agora, mais de dois meses após o lançamento do livro, Rita diz ter ficado surpreendida pelo entusiasmo com que o trabalho está a ser recebido. “Já soube que há muitos pais que estão a ler uma história por noite e depois os miúdos vão ver os artistas ao Youtube, querem ver vídeos deles a cantar e a dançar”, conta. “Isso para mim é muito compensador, nunca pensei que fosse acontecer assim como nós idealizámos”, confessa. “Está mesmo a acontecer e isso é fantástico”. Apresentação do livro em Lisboa com o convidado Nuno Markl A apresentação na Academia de Guitarra: “Estou mais expectante que eles!”Este sábado, dia 24 de Fevereiro, as autoras apresentam o livro na Academia de Guitarra, às 17 horas.
Rita Nabais diz estar “muito expectante”, porque é a primeira vez que vão apresentar o livro numa escola de música. “É uma responsabilidade muito maior, é pessoal que entende disto, que gosta muito de música”, diz. “Ainda por cima vão tocar alguns dos riffs mais conhecidos dos artistas referidos no livro”. A autora diz estar “com muita vontade” de visitar a escola, de conhecer alunos e professores e de ver o trabalho que aqui fazem. “Isto para nós é muito interessante, ver qual é a opinião destes alunos sobre o rock”, conta. Rita é professora de português do segundo ciclo e diz testemunhar todos os anos a importância da aprendizagem da música nas crianças. “Todas as turmas que tenho em ensino articulado, que têm música de uma forma mais intensa, são sempre as melhores. Isso diz-nos alguma coisa”. Ainda assim, vê que nesta área o rock é um território “mais proibido”, porque não é dos estilos mais aconselhados para crianças. “Espero que o livro ajude de alguma forma a desmistificar essa ideia”, diz a autora. Links úteis: O livro A História do Rock Editora Escafandro
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