Autor: Joana Rita | Fotos: Miguel Bretiano Guitarras desenhadas, pensadas e construídas à medida de cada músico – talvez esta seja uma descrição possível do trabalho desenvolvido pelo Adriano, nas Ergon. Há ainda que acrescentar o sentido romântico do processo. A Academia de Guitarra esteve à conversa com Adriano Sérgio. Luthier: é este o nome francês que é utilizado para designar aquele que constrói ou restaura instrumentos musicais. É uma palavra pequena face à grandeza do trabalho de Adriano Sérgio. Para uma leiga como eu, construir uma guitarra parece-me um processo moroso, que envolve perícia e paciência. Estou correcta? Pode falar-nos um pouco sobre esse processo? “Um processo moroso e que dá imenso prazer. Se é um cliente que me pede uma guitarra, tenho que me informar sobre os gostos do cliente. As suas preferências musicais e também o lado físico de relação com o instrumento. Em função do gosto dessas pessoas – literatura, cultura, carros, cores – começo a criar os desenhos e eles aparecem. De seguida, faço os moldes, depois um protótipo numa espuma e começo a testar a relação física do protótipo com o corpo. Se o cliente tem hipótese de se relacionar com esse protótipo, ele vem cá e eu tiro fotografias. Depois há que escolher as madeiras. Não uso químicos nas guitarras.” Todo o processo desenvolvido por Adriano é manual. Chama-lhe processo romântico. E acrescenta: “É um desafio muito grande. Não tenho a certeza de que as opções resultem até tudo estar feito.” E depois de construída – custa muito entregar a guitarra ao músico? Não lhe apetecia ficar com todas para si? “Dá prazer ver as guitarras saírem. E ver as pessoas a dar voz à guitarra. Custa por ser um bocado de mim. É um trabalho criativo. Cada guitarra é diferente. Sabe bem olhar para elas todos os dias. O maior prazer é fazer as guitarras, não é coleccionar. O objectivo é fazer ferramentas para os músicos usufruírem e darem voz a essas ferramentas. Serem felizes com elas e terem orgulho.” O que é que as Ergon Guitars proporcionam aos músicos que as escolhem? O que é que estas guitarras têm e que não se encontram em mais guitarra nenhuma? Adriano não hesita: “Isso é uma pergunta que tem que ser feita aos músicos. O objectivo é proporcionar um conforto grande aos músicos. Acredito que isso pode influenciar muito a forma como as pessoas tocam. Um gajo não pode ser arrogante e dizer que essa linguagem musical acontece por causa da minha guitarra. É um instrumento único, que não é feito por uma máquina. Há coisas nestas guitarras que não encontram em mais lado algum. O meu objectivo não é alcançar isso, acaba por ser um resultado do trabalho que faço. São guitarras únicas em termos de formato e de linguagem estética. Este trabalho está a ser reconhecido de uma forma mais rápida do que aquela que eu estava à espera. Espero que isso não me suba à cabeça." Devido à procura e volume de trabalho, Adriano Sérgio convidou Hugo Domingos, seu sócio na Guitar Rehab, para colaborar na construção das Ergon Guitars. O mundo da música recebeu as Ergon de braços abertos: “Entre os músicos, entre os outros construtores; sinto que reconhecem em mim algo diferente. Há respeito, sou respeitado e sou falado entre a comunidade de construtores no mundo. O estranho é que esse processo, de uma forma geral, demora dezenas de anos a acontecer e comigo demorou menos de três anos.” As Ergon Guitars estiveram expostas em 2015 e em 2016 no The Holy Grail Guitar Show, uma das feiras mais importantes no "mundo" das guitarras". Na verdade, talvez seja a mais importante da actualidade. A sua primeira edição data de 2014 e aconteceu em Berlim (Alemanha). Adriano partilhou connosco que foi convidado a expôr as suas guitarras na NAMM Show (EUA, California), em Janeiro de 2017. Partilha o estatuto de luthier convidado com mais vinte e quatro construtores. Poderão visitar as (românticas) guitarras na Boutique Guitar Showcase, Hall C - booth 23. As guitarras de Adriano recebem o nome dos músicos que as encomendam. No seu site ergonguitars.com encontramos, ainda, três modelos dedicados a três locais especiais para Adriano: Lisboa, Porto e Cintra. Foi em Sintra que Adriano nasceu e foi a esta vila, toda ela envolta em romantismo, que dedicou o primeiro baixo que construiu.
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ACADEMIA DE GUITARRA
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